sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Desafios

Mais um dia de escalada, percebo que as mãos começam a criar a calosidade necessária para resistir as escaladas, infelizmente estas se fazem necessárias e são como uma forma de proteção que o corpo cria.
A escalada exige também muito da musculatura do corpo, meu treinador de musculação alterou o meu programa de forma que eu passasse a efetuar um atividsades mais voltado para desenvolvimento dos músculos da panturrilha e ante-braço, que são muito exigidos nesta atividade. Percebo que o fato de que eu já faço atividades físicas a um bom tempo, fez com que eu tivesse o preparo necessário para as escalas sem sentir dores maiores.
Hoje efetuei um treino rápido, algumas poucas tentativas de escaladas, escolhi para começar na via cinza no top rope, via esta que eu tentara na semana anterior e devido ao cansaço físico não consegui chegar ao topo. Mas, com a segurança sendo efetuada pelo Douglas, as dicas e incentivo dele, foi possível finalmente vencer mais um desafio. Aprendi que devemos tomar as decisões rápido, que aqueles momentos de parada para analisar a via muitas vezes faz com que o cansaço nos vença e acabamos não conseguindo atingir o objetivo: o topo da via.
Com a primeira conquista da noite e após uns minutos de descanso, trocando idéias com os demais escaladores, resolvo tentar mais uma vez a via branca do boulder. Novamente solicito as dicas do Douglas e este pacientemente me instrui na postura e posicionamento para que eu finalmente, após 1 mês e meio, consiga atingir o topo desta via.
Me senti realizada, pois entre as diversas tentativas da noite, eu conseguira conquistar duas das vias que até então eu tivera que deixar para trás por mais de uma vez, sempre vencidas pelo cansaço.



Próxima semana, novos desafios, novas vias.


domingo, 20 de fevereiro de 2011

Adrenalina e aprendizagem!

Sigo novamente para mais um dia de aprendizagem, cada dia de escalada são novos desafios e novas aprendizagens.
As sapatilhas começam a ficar menos desconfortáveis nos pés, mas ainda dói um pouco calçá-las.
Escolho uma nova via no top rope para escalar, ainda escalando nas paredes verticais, não me sinto com força e técnica suficiente para escalar as paredes vertical invertidas (paredes inclinadas), nestas a força nos braços tem que ser muito grande que eu ainda não me sinto preparada. Mas infelizmente não consigo chegar ainda ao final das vias escolhidas hoje, tanto no top rope como no boulder, preciso ainda muito treino.
Ficar observando os outros escaladores e conversando com a galera entre uma escalada e outra, faz com que muitas informações sejam trocadas e dicas importantes para melhorar a minha técnica são aprendidas.
Assim encerro mais um dia com muita aprendizagem, feliz e com a certeza que preciso muito treino para aprender as técnicas, pois hoje não consegui chegar ao final de nenhuma das vias, apenas aprendizagem.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Me sinto uma veterana!

De sapatilhas no ombro, sigo para mais uma “escalda”.
Agora que já me sinto como uma “aprendiz de escaladora veterana”, sigo mais confiante e com menos adrenalina.
Já calço as sapatilhas sem dramas... mas ela continua apertando... coloco a cadeirinha, pois hoje escolho começar pelo top rope  e escolho ainda a via que será o meu desafio inicial.
Da galera que se encontra na academia, apenas o Fredy eu já conhecia e foi justamente ele que se propôs a fazer a minha segurança. Os nós das cordas continuam sendo algo não muito fácil, pois a necessidade de não “acavalar” a corda para garantir a segurança de forma que o nó não se desfaça no momento de uma queda, ainda é um dos requisitos mais importantes. As vezes preciso desfazer o nó por completo e recomeçá-lo até que este fique perfeito e pronta para suportar o meu peso ao subir. Bem... equipamentos de segurança checados, Fredy a postos para fazer a  minha segurança, via escolhida... vamos lá!
Depois da primeira vai vencida, fui fazer a segurança do Maurício que resolvera me acompanhar hoje e este foi um novo desafio para mim, pois foi a primeira vez que eu iria fazer a segurança de uma pessoa com muito mais peso do que eu e assim aprendi que isto também é possível, basta colocar uma cinta de segurança presa ao meu cinto e ao chão (e já existem gancho específicos para isto no chão ao lado dos paredões).
E... ao contrário de mim, que escalo uma via e desço para recuperar as energias, o Maurício escalou três vias... uma atrás da outra... eis ai mais uma diferença entre os sexos. Claro que, ainda tem o fator que eu sempre, em qualquer atividade esportiva, em certo momento preciso parar e recuperar as minhas energias, acredito que devido ao peso eu não tenha muita reservas e isto me desgasta fisicamente rapidinho.
Tento mais uma vez escalar a via branca do boulder, mas o cansaço já está me consumindo e por mais que eu avance, ainda não foi hoje que eu consegui superar esta via.
As escaladas começam a se tornar mais difíceis, os desafios começam a serem maiores e esta é justamente a idéia, aumentar o grau de dificuldade a cada dia.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Novos desafios!

De sapatilhas nas mãos... já começo a me sentir mais entrosada no meio social das escaladas! E com este espírito, sigo para mais um dia de escalada indoor na academia.
Foi mais um dia daqueles em Porto Alegre, um calor insuportável e com muito trabalho. Eu me sentia exausta e louca para relaxar numa atividade esportiva que exigisse mais do meu físico do que do meu mental.
A galera hoje estava em peso no top rope, alguns novatos e outros veteranos.
Sendo assim, calcei as sapatilhas e resolvi fazer o primeiro teste no boulder. Claro que tentei a famosa via branca, aquela que no último dia eu tivera que abortar a escalada. Esta via é uma escalada invertida, ou seja, a parede não é reta, mas sim inclinada de forma que você precisa ficar pendurado nas agarras e o que exige muito mais técnica e força. Desta vez senti segurança nas primeiras agarras, foi fácil chegar no ponto que eu antes tivera dificuldade devido falta de aderência do tênis, a sapatilha dá uma segurança não escorregando e permitindo que sejam executadas manobras mais precisas e deixando claro que agora depende mais da minha estrutura física e menos do medo de escorregar. Mas, tudo isto não impediu de eu cair novamente no colchão e como sempre... as gargalhadas!
Bem... hora de tentar novamente, mas com as dicas técnicas do Douglas. Claro que facilitou e o que me permitiu avançar um pouco mais na famosa via branca do boulder, mas ainda não foi desta vez que eu consegui chegar ao topo e sendo assim... hora de uma pausa para descansar e deixar para outra hora, ou talvez outro dia, esta conquista. Percebo assim que falta muita, muita técnica ainda.
Nos bate-papos entre os merecidos descansos da galera, o pessoal dá algumas dicas de como aliviar a dor da sapatilha. E a primeira delas eu resolvi executar na hora, colocar esparadrapo nos pontos que apertava antes que estes começassem a machucar, protegendo assim o local. E... claro, que todos os veteranos tinham um rolo deste na mochila. Assim, aprendi mais uma lição, esparadrapo é um dos itens básicos do escalador. Outro comentário que me deixou super feliz, foi um dos veteranos dizer que o modelo e marca da sapatilha que eu comprara (uma sapatilha Snake modelo Anhangava) era muito boa, ele tinha uma igual e curtia muito, mas a poupava para as escaladas nas rochas.
A escalada ao top rope de sapatilha foi uma emoção muito grande, me senti muito mais segura quanto ao posicionamento e apoio nas agarras menores arriscando apoiar o pé onde eu jamais teria coragem quando estava de tênis. Mas isto ainda não foi o suficiente para eu chegar ao topo, pois agora estou escolhendo subir por vias mais difíceis o que torna o desafio maior. E nem sempre lembro de algumas das dicas, entre elas e manter os braços esticados sempre que possível, preciso me lembrar mais disto na próxima subida!
E entre algumas tentativas no top rope e no boulder... e tirar a sapatilha para aliviar a pressão nos pés, resolvi terminar mais uma noite de escaladas.
O que me faz rir é que, cada noite uma “desculpa” me faz encerrar as atividades, primeiro foram a ardência nas mãos, depois o cansaço físico e agora a dor nos pés devido a sapatilha.
Voltei para casa lembrando de uma frase do Douglas, onde ele disse: “em escalada existem duas alegrias, chegar ao topo e tirar a sapatilha; sendo que nem sempre nesta ordem!”.
Mas tenho um consolo, todos os veteranos disseram que no começo é assim mesmo! Como também, todos foram unanimes numa outra colocação: que tudo isto vale muito a pena e ainda mais na rocha, em meio a natureza, onde chegar ao topo cansado e exausto é a realização final.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Sucessos e desafios

A expectativa de ir escalar novamente era grande, eu não via a hora de voltar ao boulder ou top rope e foi com este espírito que eu voltei para a minha terceira escalada.
Estava cansada fisicamente, o dia tinha sido de atividades profissionais intensas e o paredão parecia ser uma boa maneira de relaxar e um belo anti-stress... era o que eu estava precisando naquele dia quente e úmido, ou como dizem os nativos “um dia de janeiro em Forno Alegre”.
Antes de iniciar a escalada, resolvi trocar umas dicas com o Douglas sobre qual sapatilha deveria comprar? Eu estivera olhando na Internet e fui a uma loja que é especializada em equipamentos para esportes de aventura, para experimentar os modelos e tamanhos. O único modelo que eu encontrei do tamanho do meu pé, não ficou muito firme e fiquei com receio de comprá-la. E realmente, Douglas me esclareceu que quanto mais justo ficar no pé, mais segura será a escalada, uma vez que impede de escorregar e perder o equilíbrio. Sérgio (proprietário da academia), que estava lá olhando o desempenho dos escaladores, me confirmou de outra suspeita minha, as compras pela internet normalmente são frustrantes, pois como a sapatilha tem que calçar como uma ”luva no pé” e em compras on-line não é possível experimentar antes de efetivar a compra, surge ai muitas reclamações e necessidades de devolução do produto, ou seja... frustração, perda de tempo e longas esperas. Depois de todas estas dicas e indicações de outras lojas que eu poderia encontrar os equipamentos de escalda, resolvi que iria começar a escalada pelo top rope.
A primeira escalada da noite foi frustrante, eu estava fisicamente cansada e como ainda não tenho técnica, uso muito a força. Escolhi uma via que ainda não havia escalado, um pouco mais difícil do que as vias da semana passada, vias com novos desafios e necessidade de mais análise e técnica. Usei muita força e me cansei antes mesmo de chegar ao topo. Hora de descer e deixar para outro dia a tentativa de vencer esta via.
Após restabelecido o fôlego e a energia, as demais vias não pareceram tão difíceis, mas das cinco tentativas da noite, apenas em três vias eu consegui chegar ao final. Além da primeira, teve outra que simplesmente eu não tive mais forças de continuar. E a maior empolgação foi conquistar uma das vias que eu acreditava ser o maior desafio da noite, pois eu escolhi uma via em uma parede de inclinada, claro que não foi fácil e após ter atingido 60 % da escalada, simplesmente descansei pendurada a corda por alguns minutos de forma a retomar as forças para continuar a escalda, sensação gostosa, balançando pendura por uma corda na cintura a 4 metros do chão... foi muito gostoso e o melhor ainda que após este descanso foi possível chegar ao final!
Entre as escaldas, um chimarrão e outro e bate-papos como Fredy, que já escala há algum tempo, descobri que tem outras lojas na cidade e que eu deveria procurar a sapatilha antes de efetivar a compra. E realmente, no dia seguinte eu passei em uma das lojas indicadas e lá encontrei a sapatilha do tamanho e modelo que melhor se adaptou ao meu pé! Mas ainda não sei se comemoro ou choro, pois a sapatilha é muito... muito dura e desconfortável. Sei que com o tempo de uso ela irá amaciar, mas conforto, todos os escaladores que eu conheci e sites da internet que eu visitei, afirmam que esta sempre será desconfortável.
Terminei a noite tentando novamente uma via no boulder, mas novamente sem sucesso, talvez com a sapatilha eu consiga pelo menos avançar um pouco mais, ou somente com muita técnica é que eu vou vencer esta.
Já o Fredy, comemorava o sucesso em uma das vias que há semanas ele tentava vencer!
Cansada, feliz pelos sucessos e com a certeza que terei muitos desafios a vencer e vias a conquistar, voltei para casa exausta!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Escalada... segundo dia!

E finalmente as minhas mãos permitiram eu realizar a segunda escalada, ou melhor... a segunda tentativa de escalada!
Dois dias se passaram da minha nova aventura, foram dois dias de muito, muito trabalho mesmo, atividades profissionais que me exigiram muito raciocínio lógico e fazer uma atividade física que exige concentração e persistência, cheia de desafios e adrenalina me fazem muito bem!
E lá estava eu, na academia novamente, só que desta vez, como não havia chovido no anoitecer, eu estava decidida a encarar o Top Rope (na terminologia de escalada – quer dizer que é um paredão com agarras e a segurança é feita por uma corda vindo de cima, a escalada é feita de forma que a corda que dá segurança ao escalador é presa no topo) e descobrir a emoção de escalar um paredão de mais de 5 metros de altura.
Aprender a segurança neste momento é o mais importante, pois nesta modalidade não tem colchão para amenizar a queda, mas sim a corda que, nesta primeira escalada é guiada pelo Douglas. Depois de aprender a prender a cadeirinha a cintura e checar se esta estava realmente bem firme e colocada, chegou a hora de aprender a prender a corda. Um nó simples, que mais parece um número 8, mas com muitos detalhes de execução (estes me fizeram lembrar quando eu estava aprendendo a fazer crochê e ponto cruz, mas acho que o Douglas não entendeu a minha colocação, provavelmente ele nunca tenha pego numa agulha de crochê!) e cuidados importantes para que seja mantida a minha própria segurança, principalmente no caso de uma queda. Mesmo não querendo cair, eu sei que em algum momento isto vai ser inevitável.
Depois de tudo pronto, chegou a hora de analisar o paredão... por onde eu deveria subir? Claro que eu escolhi a via mais fácil (vias são as marcações nas agarras que definem a rota a ser seguida e também o nível de dificuldade. A regra é só se utilizar das agarras que compõem a via escolhida, algo diferente disto seria como “roubar num jogo com os amigos”!) para esta primeira escalada. Depois de analisar um pouco e memorizar por onde eu deveria subir, chegou a hora da primeira escalada no top rope e esta foi uma mistura de emoção com medo, medo de que o que aconteceria se eu caísse dali, medo do desconhecido e emoção por estar aprendendo a escalar. A chagada ao topo, quando eu agarrei a última agarra da via, aquela que tinha um “T” bem grande demarcando o final desta via, me fez me sentir muito feliz! Mas e agora, como descer? Esta foi mais fácil, bem por que eu só tinha que me manter longe do paredão, o esforço todo estava com o Douglas que segurava a outra ponta da corda.
Chegando ao chão, após um merecido descanso, chegada a hora de aprender mais um pouco sobre segurança e também, companheirismo. Descobri que a outra ponta da corda também é fixa na cadeirinha, só que desta vez não é um nó que fixa, mas sim através de um mosquetão especial e um tipo de freio. Através desta mantemos a corda esticada para o escalador (eis ai o espírito de companheirismo), seguramos no caso de uma queda e também permitimos a descida do mesmo quando este determinar. Assim eu fiz a segurança da Luiza, aprendendo a puxar a corda a cada ascensão desta e travando, entre uma puxada e outra. Levei um grande susto quando da queda dela, o susto foi pela repentina e forte puxada, que chegou a me tirar do chão por alguns instantes, mas consegui segurá-la. Claro que, como disse o Douglas, sempre devemos estar preparados, pois ninguém avisa quando vai cair! E antes mesmo que eu começasse a descida da Luiza, aprendi que, somente devemos liberar a corda para permitir que quem está escalando desça, se este assim o solicitar. Pois, como foi o caso da Luiza, esta voltou ao paredão para continuar a escalada a partir do ponto que ela caiu e somente liberei a corda para descida quando esta solicitou.
Depois da primeira escalda no paredão e após aprender as regras básicas de segurança, as outras escaladas foram mais fáceis, claro que não só pelo fato de eu ter escolhido vias fáceis para o primeiro dia, mas também pelo fato de já conhecer as regras de segurança e perder aquela ansiedade inicial da primeira vez. Claro, que numa das escaldas, descobri qual é a sensação de queda quando se está a metros do chão preso apenas por um corda de sustentação!
E após algumas escaladas no top rope e outras no boulder, minhas mãos voltaram a ficar sensíveis e resolvi encerrar mais uma noite de diversão e relax total. Mas como estava cedo ainda, encerrei a noite “ensinando dois novatos” a subirem no boulder por uma via que a primeira vista parecia impossível, claro que talvez aquela fosse a única via do boulder que eu poderia passar algumas dicas, pois foi ela que me fez cair no colchão e na gargalhada por diversas vezes na noite anterior.
Agora, que mais uma noite termina, volto para casa com a sensação de realizada e feliz, por mais um desafio vencido!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Escalada... a aventura começou!

Por muitas vezes, me passou pela mente aprender a escalar.
Conversei algumas vezes com alguns amigos sobre esta atividade, comentávamos o quanto era interessante, mas sempre achava outras coisas para fazer e a escalada ficava para outro dia. Até que um dia, passando em frente a uma academia, decidi que havia chagado a hora.
Parei o carro e lá estava eu, conhecendo a academia... olhando o pessoal escalando aqueles paredões de “escalada indoor”...  me encantei e decidi que queria mesmo aprender a escalar. Conversar com o Sérgio, dono da academia Adrenalimits (www.adrenalimits.com.br ), ouvir as dicas e explicações dele, a empolgação e o brilho nos olhos, me fez pensar que aquilo tudo pode ser mais interessante do que eu imaginava até então. E uma frase do Sérgio, divertida me marcou: “aqui ensinamos as pessoas a subir na vida”... adorei e decidi que era assim que eu iria me divertir no ano que se iniciava (2011), aprendendo a “subir na vida”!
Os dias que antecederam o início de 2011 foram muito interessantes, pois naqueles momentos de reflexão de final de ano, me vinha a mente, o porquê eu ainda não havia começado a fazer escalada antes? A euforia e expectativa são grandes, só precisava terminar o ano de 2010, com toda a sua correria das atividades profissionais, para poder iniciar a minha nova atividade esportiva.
Mas o ano de 2011 não começou como eu queria, foi tudo muito tumultuado e para a minha surpresa, os dias que eu ia até a academia escolhida para aprender a fazer escalada, eram dias que sempre havia muita... muita gente para escalar. Eu, “marinheira de primeira viagem” queria uma certa tranqüilidade naquele momento inicial, deixando assim, mais uma vez, para outro dia.
E neste meio tempo, uma notícia triste, a morte do Bernardo Collares no Fitz Roy, na região de El Chaltén, na Argentina, o que me mostrou que nesta atividade, todo o cuidado é pouco, como também, nosso destino não nos pertence!
 Mas ao contrário do que a maioria pensa, não perdi a vontade de aprender a escalar e o meu espírito aventureiro e otimista, fazem pensar na mensagem do Bernardo Collares, onde ele dizia que: “As montanhas são uma espécie de reino mágico onde, por meio de algum encantamento, eu me sinto a pessoa mais feliz do mundo”.
Como eu também me sinto muito feliz no alto de uma montanha, na beira de um vale ou canyon, resolvi que era chegada a hora de buscar o meu objetivo para 2011: aprender a escalar.
Surgiu ainda a idéia de registrar o que eu estava me propondo a aprender, assim resolvi montar este blog, descrevendo aqui as impressões de uma novata tentando aprender a “subir na vida”... nos paredões... nas montanhas e chegar ao “reino mágico” por um caminho pelo qual até então eu não o fizera.


O primeiro dia finalmente chegou!
Já havia se passado duas semanas do mês de janeiro, 20h de uma terça-feira agitada profissionalmente e uma noite com um clima ameno, o que era muito bom, pois depois de temperaturas beirando os 40º durante o dia, havia chovido no final da tarde e o que tornava a aventura longe das salas fechadas e climatizadas um convite irresistível.
E... Lá estava eu, frente ao boulder (aprendendo a terminoloagia... uma parede com agarras, simulando pequenos blocos de pedra, onde se escala sem uso de equipamentos como corda ou cadeirinha e a proteção é feita apenas com pequenos colchões caso haja uma queda!), com aquela porção de agarras nas paredes, ouvindo as instruções do Douglas, meu treinador de escalada, falando de forma que eu acreditava que fosse muito fácil, mas... só parecia, a impressão terminou na primeira tentativa e... após a primeira queda.
No paredão oposto ao que eu tentava escalar, estava o Márcio, ele se movia com tanta facilidade e tranqüilidade que eu continuava achando fácil. Só depois de um tempo fui descobrir que ele escalava a mais de 20 anos e pelo Brasil afora.
Enquanto eu tentava escalar, chegou mais uma pessoa, a Luciana, escala a mais de 4 anos e ao iniciar a sua escalada me surpreendeu como ela se movia com tanta leveza e facilidade que me fez acreditar mesmo que era fácil!
Entre as minhas tentativas e as escaladas dos veteranos, as pausas para descanso, aproveitamos para nos conhecer e trocar conhecimentos, claro que eu só escutando. Márcio fez alguns comentários, entre eles os perfis masculino, que usam a força e o feminino, que usam mais a técnica. Já a Luciana me deu algumas dicas de como movimentar o corpo e buscar o equilíbrio no paredão.
Mas o Douglas, com sua enorme paciência e tranqüilidade, me dando força para mais uma tentativa e acreditando que eu conseguia alcançar o que eu considerava impossível, foi fundamental para que eu tivesse a certeza que iria continuar a minha escalada em 2011 .
Com o passar da hora, eu fui aprendendo alguns truques de como me posicionar, como segurar numa agarra com as mãos e o principalmente como jogar e impulsionar o corpo para subir e segurar a próxima agarra. Muitas quedas ocorreram e em todas eu acabava caindo no colchão e na gargalhada, pois só rindo mesmo de toda esta brincadeira e da sensação de impotência quando você vê a agarra na tua frente, sabe que consegue agarrá-la e num piscar de olhos você esta em queda livre! Ai confirma que tudo isto não é fácil e que ainda tenho muito o que aprender, eis ai o meu novo desafio.
Depois de inúmeras tentativas e alguns poucos sucessos, descobri que nem os braços e nem as pernas, como eu imaginei num primeiro momento, me impediriam de continuar as minhas tentativas de escalar naquela primeira noite, mas sim as mãos. Estas se tornaram o meu ponto frágil, pois o contato com as agarras porosas e o fato de tentar segura-las por muitas vezes, fez com que a mão ficasse muito, muito sensível mesmo ao ponto de o simples dirigir de volta para casa, se tornara algo difícil nesta noite. Sensação esta que demorou quase 2 dias para passar e o tempo ideal até o próximo dia para novas tentativas.
Lições aprendidas na primeira tentativa: enquanto uma pessoa está no paredão escalando, o melhor é ficar longe e esperar esta terminar. Já a segunda lição, esta eu teria que mudar em mim algumas coisas, entre elas e a mais imediata seria cortar as unhas mais curtas e deixar este meu “lado paty” definitivamente de lado, pois unhas compridas e pintadas de vermelho não combinam com escalda.
Assim terminei a noite, com uma sensação enorme de realização e a certeza que assim que as mãos me permitissem, eu voltaria para a segunda tentativa de aprender a escalar.