Por muitas vezes, me passou pela mente aprender a escalar.
Conversei algumas vezes com alguns amigos sobre esta atividade, comentávamos o quanto era interessante, mas sempre achava outras coisas para fazer e a escalada ficava para outro dia. Até que um dia, passando em frente a uma academia, decidi que havia chagado a hora.
Parei o carro e lá estava eu, conhecendo a academia... olhando o pessoal escalando aqueles paredões de “escalada indoor”... me encantei e decidi que queria mesmo aprender a escalar. Conversar com o Sérgio, dono da academia Adrenalimits (www.adrenalimits.com.br ), ouvir as dicas e explicações dele, a empolgação e o brilho nos olhos, me fez pensar que aquilo tudo pode ser mais interessante do que eu imaginava até então. E uma frase do Sérgio, divertida me marcou: “aqui ensinamos as pessoas a subir na vida”... adorei e decidi que era assim que eu iria me divertir no ano que se iniciava (2011), aprendendo a “subir na vida”!
Os dias que antecederam o início de 2011 foram muito interessantes, pois naqueles momentos de reflexão de final de ano, me vinha a mente, o porquê eu ainda não havia começado a fazer escalada antes? A euforia e expectativa são grandes, só precisava terminar o ano de 2010, com toda a sua correria das atividades profissionais, para poder iniciar a minha nova atividade esportiva.
Mas o ano de 2011 não começou como eu queria, foi tudo muito tumultuado e para a minha surpresa, os dias que eu ia até a academia escolhida para aprender a fazer escalada, eram dias que sempre havia muita... muita gente para escalar. Eu, “marinheira de primeira viagem” queria uma certa tranqüilidade naquele momento inicial, deixando assim, mais uma vez, para outro dia.
E neste meio tempo, uma notícia triste, a morte do Bernardo Collares no Fitz Roy, na região de El Chaltén, na Argentina, o que me mostrou que nesta atividade, todo o cuidado é pouco, como também, nosso destino não nos pertence!
Mas ao contrário do que a maioria pensa, não perdi a vontade de aprender a escalar e o meu espírito aventureiro e otimista, fazem pensar na mensagem do Bernardo Collares, onde ele dizia que: “As montanhas são uma espécie de reino mágico onde, por meio de algum encantamento, eu me sinto a pessoa mais feliz do mundo”.
Como eu também me sinto muito feliz no alto de uma montanha, na beira de um vale ou canyon, resolvi que era chegada a hora de buscar o meu objetivo para 2011: aprender a escalar.
Surgiu ainda a idéia de registrar o que eu estava me propondo a aprender, assim resolvi montar este blog, descrevendo aqui as impressões de uma novata tentando aprender a “subir na vida”... nos paredões... nas montanhas e chegar ao “reino mágico” por um caminho pelo qual até então eu não o fizera.
O primeiro dia finalmente chegou!
Já havia se passado duas semanas do mês de janeiro, 20h de uma terça-feira agitada profissionalmente e uma noite com um clima ameno, o que era muito bom, pois depois de temperaturas beirando os 40º durante o dia, havia chovido no final da tarde e o que tornava a aventura longe das salas fechadas e climatizadas um convite irresistível.
E... Lá estava eu, frente ao boulder (aprendendo a terminoloagia... uma parede com agarras, simulando pequenos blocos de pedra, onde se escala sem uso de equipamentos como corda ou cadeirinha e a proteção é feita apenas com pequenos colchões caso haja uma queda!), com aquela porção de agarras nas paredes, ouvindo as instruções do Douglas, meu treinador de escalada, falando de forma que eu acreditava que fosse muito fácil, mas... só parecia, a impressão terminou na primeira tentativa e... após a primeira queda.
No paredão oposto ao que eu tentava escalar, estava o Márcio, ele se movia com tanta facilidade e tranqüilidade que eu continuava achando fácil. Só depois de um tempo fui descobrir que ele escalava a mais de 20 anos e pelo Brasil afora.
Enquanto eu tentava escalar, chegou mais uma pessoa, a Luciana, escala a mais de 4 anos e ao iniciar a sua escalada me surpreendeu como ela se movia com tanta leveza e facilidade que me fez acreditar mesmo que era fácil!
Entre as minhas tentativas e as escaladas dos veteranos, as pausas para descanso, aproveitamos para nos conhecer e trocar conhecimentos, claro que eu só escutando. Márcio fez alguns comentários, entre eles os perfis masculino, que usam a força e o feminino, que usam mais a técnica. Já a Luciana me deu algumas dicas de como movimentar o corpo e buscar o equilíbrio no paredão.
Mas o Douglas, com sua enorme paciência e tranqüilidade, me dando força para mais uma tentativa e acreditando que eu conseguia alcançar o que eu considerava impossível, foi fundamental para que eu tivesse a certeza que iria continuar a minha escalada em 2011 .
Com o passar da hora, eu fui aprendendo alguns truques de como me posicionar, como segurar numa agarra com as mãos e o principalmente como jogar e impulsionar o corpo para subir e segurar a próxima agarra. Muitas quedas ocorreram e em todas eu acabava caindo no colchão e na gargalhada, pois só rindo mesmo de toda esta brincadeira e da sensação de impotência quando você vê a agarra na tua frente, sabe que consegue agarrá-la e num piscar de olhos você esta em queda livre! Ai confirma que tudo isto não é fácil e que ainda tenho muito o que aprender, eis ai o meu novo desafio.
Depois de inúmeras tentativas e alguns poucos sucessos, descobri que nem os braços e nem as pernas, como eu imaginei num primeiro momento, me impediriam de continuar as minhas tentativas de escalar naquela primeira noite, mas sim as mãos. Estas se tornaram o meu ponto frágil, pois o contato com as agarras porosas e o fato de tentar segura-las por muitas vezes, fez com que a mão ficasse muito, muito sensível mesmo ao ponto de o simples dirigir de volta para casa, se tornara algo difícil nesta noite. Sensação esta que demorou quase 2 dias para passar e o tempo ideal até o próximo dia para novas tentativas.
Lições aprendidas na primeira tentativa: enquanto uma pessoa está no paredão escalando, o melhor é ficar longe e esperar esta terminar. Já a segunda lição, esta eu teria que mudar em mim algumas coisas, entre elas e a mais imediata seria cortar as unhas mais curtas e deixar este meu “lado paty” definitivamente de lado, pois unhas compridas e pintadas de vermelho não combinam com escalda.
Assim terminei a noite, com uma sensação enorme de realização e a certeza que assim que as mãos me permitissem, eu voltaria para a segunda tentativa de aprender a escalar.
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