De sapatilhas nas mãos... já começo a me sentir mais entrosada no meio social das escaladas! E com este espírito, sigo para mais um dia de escalada indoor na academia.
Foi mais um dia daqueles em Porto Alegre, um calor insuportável e com muito trabalho. Eu me sentia exausta e louca para relaxar numa atividade esportiva que exigisse mais do meu físico do que do meu mental.
A galera hoje estava em peso no top rope, alguns novatos e outros veteranos.
Sendo assim, calcei as sapatilhas e resolvi fazer o primeiro teste no boulder. Claro que tentei a famosa via branca, aquela que no último dia eu tivera que abortar a escalada. Esta via é uma escalada invertida, ou seja, a parede não é reta, mas sim inclinada de forma que você precisa ficar pendurado nas agarras e o que exige muito mais técnica e força. Desta vez senti segurança nas primeiras agarras, foi fácil chegar no ponto que eu antes tivera dificuldade devido falta de aderência do tênis, a sapatilha dá uma segurança não escorregando e permitindo que sejam executadas manobras mais precisas e deixando claro que agora depende mais da minha estrutura física e menos do medo de escorregar. Mas, tudo isto não impediu de eu cair novamente no colchão e como sempre... as gargalhadas!
Bem... hora de tentar novamente, mas com as dicas técnicas do Douglas. Claro que facilitou e o que me permitiu avançar um pouco mais na famosa via branca do boulder, mas ainda não foi desta vez que eu consegui chegar ao topo e sendo assim... hora de uma pausa para descansar e deixar para outra hora, ou talvez outro dia, esta conquista. Percebo assim que falta muita, muita técnica ainda.
Nos bate-papos entre os merecidos descansos da galera, o pessoal dá algumas dicas de como aliviar a dor da sapatilha. E a primeira delas eu resolvi executar na hora, colocar esparadrapo nos pontos que apertava antes que estes começassem a machucar, protegendo assim o local. E... claro, que todos os veteranos tinham um rolo deste na mochila. Assim, aprendi mais uma lição, esparadrapo é um dos itens básicos do escalador. Outro comentário que me deixou super feliz, foi um dos veteranos dizer que o modelo e marca da sapatilha que eu comprara (uma sapatilha Snake modelo Anhangava) era muito boa, ele tinha uma igual e curtia muito, mas a poupava para as escaladas nas rochas.
A escalada ao top rope de sapatilha foi uma emoção muito grande, me senti muito mais segura quanto ao posicionamento e apoio nas agarras menores arriscando apoiar o pé onde eu jamais teria coragem quando estava de tênis. Mas isto ainda não foi o suficiente para eu chegar ao topo, pois agora estou escolhendo subir por vias mais difíceis o que torna o desafio maior. E nem sempre lembro de algumas das dicas, entre elas e manter os braços esticados sempre que possível, preciso me lembrar mais disto na próxima subida!
E entre algumas tentativas no top rope e no boulder... e tirar a sapatilha para aliviar a pressão nos pés, resolvi terminar mais uma noite de escaladas.
O que me faz rir é que, cada noite uma “desculpa” me faz encerrar as atividades, primeiro foram a ardência nas mãos, depois o cansaço físico e agora a dor nos pés devido a sapatilha.
Voltei para casa lembrando de uma frase do Douglas, onde ele disse: “em escalada existem duas alegrias, chegar ao topo e tirar a sapatilha; sendo que nem sempre nesta ordem!”.
Mas tenho um consolo, todos os veteranos disseram que no começo é assim mesmo! Como também, todos foram unanimes numa outra colocação: que tudo isto vale muito a pena e ainda mais na rocha, em meio a natureza, onde chegar ao topo cansado e exausto é a realização final.